Tal como muitas outras pessoas, também eu aproveitei a passagem do ano para sair de Lisboa por uns dias. Na falta de melhor combinação, ou pelo menos mais atempada, fui parar ao Carregal do Sal (para quem não conhece fica perto de Santa Comba Dão, a uns 30 kms de Viseu), mais exactamente à
Pensão Residencial Salina. Até aqui tudo bem, nunca tinha ficado numa pensão residencial, mas depois de passar uma noite num barco ao relento (inter rail, viagem Corfu, Grécia - Brindisi, Itália) achei que só podia ser melhor.
Chegados à pensão residencial Salina deparámo-nos com um pequeno problema, não havia ninguém na recepção para nos abrir a porta, como o Natal tinha passado há pouco tempo e a paciência ainda era alguma dirigimo-nos à porta do lado direito (
Snack-bar Salina), à procura de um tal Sr Vítor. Depois de analisados os quartos disponíveis, lá recebemos uma chave, ou melhor duas chaves... e a segunda chave servia para quê? Para abrir a porta da rua, pois
NUNCA está ninguém na recepção!
A manhã do dia seguinte (31 de Dezembro) começou muito bem: uma aventura para tomar banho! Depois de pedir licença à porta da casa-de-banho para entrar lá me meti na banheira, por aqui já dá para perceber o tamanho da casa-de-banho, mas para quem não tiver percebido digamos apenas que uma mulher grávida tinha que dar à luz para conseguir lá entrar. Ultrapassado este obstáculo podia finalmente tomar um banhinho descansada (ou julgava eu). Duas torneiras - água quente e água fria! Tendo em conta o frio que estava era óbvio qe ia tomar banho de água quente, abri a torneira de água quente. Passado alguns segundos a água não só estava quente como fervia, se tentasse cozia um ovo mais depressa do que no fogão. A solução é então abrir a água fria para ter água morna (neste caso quente). Fui abrindo aos poucos sem notar qualquer diferença, mas lá resultou, a água já não fervia, congelava! Lá tive eu que fechar as duas torneiras e voltar a abrir a água quente. Como a casa-de-banho não tinha aquecimento no tempo que tive à espera que a água aquecesse e depois ficasse morna aproveitei para fazer uma musiquinha com o bater dos dentes, bem ritmada por sinal. Depois de alguma espera lá veio, finalmente, a água morna, mas havia um pequenito problema... a água não vinha com pressão nenhuma! Convenhamos que tomar banho e lavar a cabeça com um fiozinho de água é algo complicado, mas lá consegui tomar o meu banho.
Resolvida a questão do banho era hora do pequeno-almoço, mas o quarto estava com a cama por fazer... o que fazer nestas alturas? Ligámos então para a recepção (nunca lá está ninguém, mas atendem sempre e logo) para perguntar como era do quarto, se arrumavam eles, ao que nos foi respondido que sim. Lá fomos estão descansados tomar o pequeno-almoço, descemos à recepção, passámos uma porta que ia dar ao
Restaurante Salina e depois uma outra porta que ia dar ao
Snack-bar Salina, onde nos serviram o pequeno-almoço, o que quiséssemos, pois ali o pequeno-almoço não vem especificado. Acreditem que é mais estranho ao vivo.
Lá demos as nossas voltas (fomos à Serra da Estrela) e voltámos à
Pensão Residencial Salina por volta das 18h, como era véspera de ano novo queríamos vestir outra roupa (claro que depois do banho matinal não nos passou pela cabeça repetir a aventura), ninguém vai sair à noite com camisolas que nos tapam até às orelhas. Só de pensar em entrar num quarto arrumadinho para nos arranjarmos até esquecemos aquela manhã, mas para isso era preciso que estivesse arrumado! Eram 18h! Voltámos a ligar para a recepção (e mais uma vez atenderam logo - segundos antes tínhamos passado na recepção e não estava lá ninguém). Disseram-nos que o iam limpar às 20h (hora a que saímos para jantar). Claro que depois do jantar voltámos ao quarto para verificar se realmente tinha sido arrumado (desta vez arrumaram).
Saltando o resto da noite... a manhã seguinte (tarde, já passava das 13h) foi uma aventura ainda maiorpara tomar banho! Desta vez a torneira tinha bastante pressão... só faltou a água quente! Depois de tanto tempo com a água a correr, de tanto abre e fecha a torneira, a água não aqueceu nem um bocadinho. Ligámos então para a recepção (mais uma vez não tivemos tempo nenhum à espera) para saber o que se passava com a água, ao que nos perguntaram: "já experimentou ligar a água quente?" Mas era preciso abrir a água quente? Ainda ontem tomei banho e nem mexi na torneira da água quente!
DAH!! Disseram-nos então que iam mandar alguém lá acima para resolver o problema. Estava a melhorar, mas depois de algum tempo à espera não apareceu ninguém. Ligámos outra vez para a recepção (adivinhem... nem mais, atenderam logo) para dizer que ainda não tinha aparecido ninguém e que continuávamos à espera para tomar banho, ao que responderam prontamente que de momento não tinham ninguém que lá pudesse ir acima porque tinham o restaurante cheio. Sem querer acreditar no que tinha acontecido lá nos conformámos (o espírito natalício estava realmente ainda muito presente) e saímos para almoçar.
Uma vez mais saltando todas as horas intermédias, regressámos ao quarto às 19h e eis quando abrimos a porta e encontramos em cima da cama um papel com a chave do quarto 107 (em frente ao nosso) e um papel que dizia exactamente isto: "Para tomar banho é
favôr usar o quarto em frente" (10 pontos para a
Pensão Residencial Salina). Quando uma pessoa pensa que já viu de tudo...
Diga-se que darem-nos a chave do quarto 107 foi o melhor que podia ter acontecido, porque hoje de manhã pudémos, finalmente, tomar um banho (com direito a água quente e com pressão) e numa casa-de-banho onde que cabem pelo menos 2 pessoas (com a porta aberta).
E aqui termina o relato desta minha estadia por terras do Carregal do Sal.
Portanto já sabem, se alguma vez pensarem em ficar naquela zona não escolham a
Pensão Residencial Salina!
Claro que à parte de tudo isto estes dias e sobretudo a passagem de ano correram muito bem!
BOM ANO DE 2005 PARA TODOS!!!
